Há limites para a Inteligência Artificial (IA) nos negócios?
- VECTOR Consultants - E.Moreno
- 21 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Questões éticas e sociais podem estabelecer limites

Parece que não há dúvidas de quanto a IA já fez e até mesmo do que se pode fazer pelo progresso e benefício da humanidade e dos negócios.
“É difícil pensar em uma grande indústria que não será transformada pela inteligência artificial. Isso inclui saúde, educação, meios de transporte, varejo, comunicações e agricultura. Existem caminhos surpreendentemente claros para a IA fazer uma grande diferença em todas essas indústrias” (Andrew Ng – cientista e líder global em IA).
Além disso, o que hoje podemos chamar de Inteligência artificial tem um conceito e práticas ainda muito recentes, muito embora já tenham produzido progressos importantes para os negócios e as pessoas.
O mundo tecnológico está em constante mudança que avança muito rapidamente, no entanto, o futuro da IA é ainda desconhecido. Hoje, não faltam visões e expectativas elevadas de progressos para os negócios e a humanidade, com anseios mais nobres de que o desenvolvimento exponencial de novas tecnologias possa permitir que a humanidade suplante a largo prazo as enormes restrições de hoje com a fome, saúde e moradia.
No entanto, também não faltam preocupações de cientistas e pensadores com relação às questões éticas que podem envolver a expansão tecnológica. O brilhante físico teórico britânico, Stephen Hawking (1942-2018) alertou que a AI poderia ser o maior evento da humanidade, mas “infelizmente pode ser também o último, a menos que aprendamos evitar os riscos”. Sam Altman (Presidente da OpenAI) foi ainda mais pessimista alertando que “a IA provavelmente irá causar o fim do mundo, mas enquanto isso não acontece, existirão grandes empresas”. Outra reflexão importante vem de Matt Bellamy (vocalista e instrumentalista) que expressou: “Em longo prazo, IA e automação tomarão muito do que dá aos humanos um sentimento de propósito”.
É possível que Matt Bellamy tenha levado a esse argumento por uma ideia de quanto a automação poderia retirar a magia do talento humano na música. Se foi assim ou não, é inspiradora a ideia de que a IA deverá levar em conta o lugar a ser reservado ao Homem no mundo futuro da alta tecnologia.
Timothy Donald Cook, atual CEO da Apple Inc foi enfático ao expressar suas preocupações ao dizer que “O que todos devemos fazer é nos certificar que estamos usando a inteligência artificial de uma maneira que beneficie a humanidade, e não que a deteriore”. Nesse sentido, é possível inferir que mesmo com os grandes progressos em áreas essenciais à qualidade de vida das pessoas, sem limites éticos, são relevantes as chances de deterioração humana em seus aspectos psicossociais, onde as relações com uma sociedade sem propósito (ou sem sentimento de propósito) prejudica o desenvolvimento da psique do individuo. Para os mais exaltados defensores da IA, a visão de futuro é que a tecnologia permitirá substituição de talentos humanos, à medida que o robô de inteligência artificial será capaz de aprender, resolver, planejar, perceber, intuir e processar a linguagem humana natural, deixando de lado a linguagem binária das máquinas. No tanto, pouco se leva em conta o lugar que dever ser reservado ao Homem, com todas as suas necessidades de interagir, pensar, opinar, se emocionar, se expressar, de se sentir útil e de ter propósito para si e para o seus. Nesse contexto, como podemos imaginar em ter um ideal de desenvolver os talentos e as habilidades humanas se a IA resolve tudo? Pura utopia.
Por bem, antes que possamos chegar a tanto, inicia-se uma compreensão de que os humanos batem algarismos (Goldman Sachs) e que a IA não cria empatia e tampouco substitui o talento humano. Por mais, as práticas das empresas (com os seus erros e acertos) começam a ser levadas em conta pelos consumidores e usuários conscientes.

No futuro não haverá espaço para quem visa somente ganhos financeiros, pois o sentimento de propósito nas relações comerciais coloca o consumo induzido por robôs em cheque. Sustentabilidade social nas empresas vai muito além dos cuidados internos com as pessoas, mas ainda como as empresas tratam as questões éticas e sociais nas suas relações de consumo.
ESG poderá estabelecer os limites éticos da IA nas empresas, pois deterioração do sentimento de propósito humano não poderá ser entendido como natural nas práticas de sustentabilidade social.
Estabelece-se o desafio de como podemos caminhar para uma IA onde o Homem terá um lugar em que o propósito e o talento humano possam ser valorizados e conviver com uma tecnologia humanamente inclusiva.
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