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O paradoxo do empreendedorismo no Brasil. 

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Em regra geral, taxas elevadas de desemprego levam ao empreendedorismo por necessidade. Taxas elevadas de empreenderismo inicial em um ambiente de pleno emprego é possível?


O Brasil ocupa uma das posições mais elevadas de empreendedorismo no mundo. Isso tem sido motivo de orgulho para muita gente, incluindo o governo, quando o povo brasileiro é considerado empreendedor por natureza.


O lado bom disso é que o empreendedorismo é a alavanca do desenvolvimento econômico e social de qualquer país. Por outro lado, taxas excepcionalmente elevadas podem representar falhas importantes no modelo de desenvolvimento econômico e social do país, visto que taxas de empregos de qualidade são tão importantes para o país quanto as de empreendedorismo, um paradoxo. 


O Retrato do Empreendedorismo no Brasil – GEM 2024-2025, desenvolvido pela Associação Nacional de Estudos de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe) com o apoio do SEBRAE, indica que a taxa de Empreendedorismo Total (TTE) no país em 2024 chegou a 33,4% da população adulta, incluindo as taxas de Empreendedorismo Inicial (TEA), de 20,3% e de Empreendedorismo Estabelecido (EBO), de 13,1%. Além disso, o estudo indica que o interesse em empreender nos próximos três anos subiu entre aqueles que ainda não são empreendedores, passando de 48,7% em 2023 para 49,8% em 2024.


Por outro lado, o estudo aponta que 73,9% dos empreendedores iniciais (15% da população adulta) declararam como motivo de empreender a necessidade de "ganhar a vida porque os empregos são escassos", ou seja: empreendem por necessidade. Tal dado, quando confrontado com a taxa de desemprego em 2024, de 6,6%, revela uma aparente contradição, mas que pode representa um outro fenômeno: a qualidade do emprego não é suficiente para torna-lo atrativo como meio de "ganhar a vida".


Nesse sentido, vale considerar os dados do GEM de 2023 em 45 países (os de 2024 ainda não publicados) que aponta o Brasil entre as 12 nações com as maiores taxas de empreendedores iniciais (pela ordem, Equador, Guatemala, Panamá, Chile, Uruguai, Arábia Saudita, Tailândia, Colômbia, Venezuela, Porto Rico, Canadá e Brasil), representativamente acima das taxas observadas em países de economias desenvolvidas como Reino Unido (22ª), França (25ª), Itália (34ª) e Alemanha (35ª). Isso suscita uma questão: Esses países são menos empreendedores do que o Brasil? Empreender é um conceito maior do que "abrir um negócio", quando envolve capacidade e disposição de agir a favor de uma solução e oportunidade em todos os aspectos da vida, seja no econômico como no social. Então, o que diferencia as taxas de empreendedorismo do Brasil em relação às taxas do Reino Unido, da França, Alemanha e outros? A qualidade dos empregos! A baixa qualidade de emprego força o empreendedorismo por necessidade e reduz as taxas oficiais de desemprego (a procura é reduzida) e o desalento cresce. Em 2024, mais de 3,3 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego.


No empreendedorismo, apenas 4 em cada 10 iniciativas chegam à marca de empreendedorismos estabelecidos, com negócios consolidados por mais de 42 meses (GEM). Ou seja: apenas 40% chegam a se estabelecer e 60% se perdem, seja pela volta ao mercado do trabalho ou pelo abandono por resultados não favoráveis e possivelmente um recomeço.


Gerar empregos de qualidade, o desafio para o pleno emprego.


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